fonte: O Globo
Em visita ao Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, na manhã de segunda-feira, o prefeito eleito Marcelo Crivella (PR) não poupou críticas à gestão de Eduardo Paes. Após se reunir com representantes da direção e percorrer diferentes setores da unidade, ele acusou o município de ter retirado verba da saúde para realizar os Jogos Olímpicos. Segundo ele, o Miguel Couto precisa de remédios, equipamentos e pessoal. Durante a campanha eleitoral, Crivella disse que Paes deixou de investir cerca de R$ 1 bilhão no setor nos últimos quatro anos.
— A equipe médica me impressionou pelo seu amor à casa. O Miguel Couto tem uma tradição de excelência, mas tem coisas a fazer. É aquilo que eu disse na campanha: as obrigações do município para realizar a Olimpíada acabaram tirando recursos da saúde. Estão faltando equipamentos, medicamentos e pessoal. Vamos tomar providências assim que assumirmos — disse Crivella. — A saúde será a prioridade número um do meu governo.
DÉFICIT DE 280 ENFERMEIROS
O vereador Carlos Eduardo (SD), indicado por Crivella para ser o futuro secretário de Saúde e que também esteve ontem no Miguel Couto, disse que o hospital tem um déficit de 280 enfermeiros. Ele prometeu que, no início de 2017, o novo governo vai contratar concursados para completar todos os quadros.
O futuro secretário disse ainda que o setor de ortopedia será modernizado. Serão comprados dois artroscópios, equipamento que permite examinar o interior de uma articulação. Segundo Carlos Eduardo, essa é uma antiga reivindicação dos médicos do Miguel Couto. Cada aparelho custa cerca de R$ 250 mil e vai agilizar a realização de cirurgias ortopédicas.
— Com R$ 500 mil, nós estaríamos equipando esse hospital e diminuindo a fila da cirurgia de ombro e joelho — disse Carlos Eduardo. — O Miguel Couto é um polo importante de ortopedia, mas tem equipamentos defasados. O raio X, por exemplo, é da época de Marcos Tamoyo (que foi prefeito do Rio de 1975 a 1979).
Médicos da direção do Miguel Couto acompanharam Crivella durante a visita. O prefeito eleito também ouviu pacientes. No estacionamento, ele ainda foi abordado por Cícero Damião Coutinho. Com uma receita nas mãos, o homem reclamou que não tinha conseguido na farmácia do hospital os medicamentos prescritos pelo médico.
A prefeitura rebateu as críticas de Crivella. Por meio de nota, o município informou que aumentou de R$ 1,9 bilhão, em 2008, para R$ 4,4 bilhões, em 2015, as despesas na saúde. Este ano, o setor deve receber R$ 5,6 bilhões, o que representa 25% do orçamento. A prefeitura afirmou ainda que, desde 2009, investiu R$ 65 bilhões em saúde e educação, e que pouco mais de 1% desse montante (R$ 732 milhões) foi destinado à construção de arenas olímpicas.
Ainda segundo o município, foram investidos R$ 6 milhões em obras no Miguel Couto, na gestão de Paes. O orçamento do hospital passou de R$ 55,9 milhões, em 2008, para R$ 229 milhões, em 2016. A prefeitura ressaltou ainda que construiu 109 clínicas da família, quatro hospitais, cinco coordenações de emergência regional e 14 UPAs, além de ter contratado mais de 26 mil profissionais.
Logo depois de eleito, Crivella iniciou uma série de visitas a hospitais municipais. O primeiro foi o Souza Aguiar, no Centro, onde ele se reuniu com funcionários. No encontro, no dia 14 de novembro, Crivella reafirmou sua intenção de municipalizar os hospitais federais no Rio. Segundo ele, as negociações sobre essa transferência estão em curso em Brasília. Antes de tomar posse, o prefeito eleito deverá visitar ainda os hospitais Salgado Filho, no Méier, e o Lourenço Jorge, na Barra.